JAIME PRADES
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"BIO"
Jaime Prades é brasileiro nascido na Espanha. Filho de Sul Americanos: mãe brasileira e pai uruguaio. Viveu entre Málaga e Madri até os 12 anos de idade quando a família retornou ao Brasil. Como o seu pai trabalhava com cinema passou a infância rodeado de artistas e nos seus ateliês. Entre eles, Antonio Mingote foi o mais importante. Com ele, Jaime, teve a oportunidade de conviver por muitos verões ali nas vizinhanças de San Pedro de Alcantara em Andaluzia...(CLIQUE PARA ABRIR)
"A ARTE DE JAIME PRADES"
De FÁBIO MAGALHÃES: "Jaime Prades, arte em contexto":

Jaime Prades adotou desde jovem a experimentação como atitude criativa e sempre procurou diversificar seus meios de expressão, muito além da pintura. Desde os anos 80 seus projetos ultrapassavam as fronteiras consagradas pela modernidade e suas inquietações perseguiam outras veredas, já apontando novos horizontes.
Muitas de suas ideias inovadoras eram compartilhadas com as propostas do grupo alemão Fluxus (flux, do latim catarse) que, nas décadas de 1960 e 70, revolucionou o conceito de obra de arte e influenciou profundamente as gerações seguintes. Até hoje a obra de Joseph Beuys causa enorme impacto. Na mesma época em que o Fluxus mexia com o ambiente artístico europeu, um novo conceito de arte também se desenvolvia no Brasil. Lygia Clark, com seus “Bichos”, e Helio Oiticica, com os “Parangolés”, apenas para citar dois exemplos, provocaram uma transformação irreversível na produção artística brasileira e hoje são internacionalmente reconhecidos pela enorme contribuição que deram à vanguarda mundial.(CLIQUE PARA ABRIR)
"RAÍZES E ESTRELAS"
Das profundezas da terra ao espaço infinito

JAIME PRADES

"Flechas", "Pontas", "Agulhas" e, o mais evidente de todos: “Totens” são alguns dos nomes que essa série de esculturas poderia ter.
Carregadas de ancestralidade há nelas um perfume das expressões vernaculares das tradições indígenas e africanas não só das nações Sul Americanas Ameríndias.
Trata-se de uma linguagem universal que se confirma pela intimidade que acontece imediatamente ao contemplá-las.
Elas também carregam uma memória ritualística, anterior às religiões, ainda em um estado de comunhão com a natureza do tempo em que o mistério da vida e da morte modelava as relações sociais.
O Totem na sua essência surge como um símbolo vivo entre o cósmico e telúrico, entre o céu e a terra, entre o espírito e o corpo.
Ao abranger tantas camadas simbólicas essa forma estruturante da psique opera uma conexão entre o humano e a sua dimensão divina. Através da sua verticalidade se estabelece a possibilidade de um trânsito interdimensional.
A instalação “Raízes e Estrelas” refere-se exatamente a esse mistério que sobrevive além do tempo.
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"DIVERSOS"
Este ano de 2024, participo da exposição itinerante DIVERSOS. A exposição, que agora está no galeria Anexo do Museu Nacional da República em Brasília até dia 27 de outubro, já passou por São Paulo, Pindamonhangaba e também na Casa França Brasil no Rio de Janeiro. As curadoras Vera Nunes e Bianca Bernardo contemplaram um grupo de artistas, na sua maioria emergentes, representativo da riqueza cultural da nossa sociedade, que mais do que nunca e justamente, tem conquistado os espaços institucionais das artes. Participo com três obras que fiz em 2019 e 2024 que fazem parte da série que chamo de TRANSBORDA. Dei esse nome por causa de parecerem um derramar de elementos dourados que tentam expressar experiências de estado de consciência profundos. O fazer arte em si, no ato criativo e durante o processo da materialização das obras, cataliza e integra as realidades interna e externa, estabelece uma ponte e permite transitar entre o intangível e o tangível. O resultado dessa experiência é a própria obra.(CLIQUE PARA ABRIR)
"FULLGÁS"
A incrível exposição FULLGÁS está aberta para visitação de hoje, 02 de outubro de 2024, até o dia 27 de janeiro de 2025 no CCBBRJ. O projeto itinerante poderá ser visto no próximo ano nos respectivos CCBBs de Brasília, São Paulo e Belo Horizonte. Os curadores Raphael Fonseca, Tálisson Melo e Amanda Tavares, após dois anos de pesquisa, conseguiram reunir pela primeira vez um panorama nacional revelando e resgatando muitos artistas que estavam em plena atividade nos anos 80. A exposição se expande e inclui também testemunhos documentais dessa década tão paradigmática e inaugural. Estou expondo a "Porta" uma obra da série dos "Bastardos" de 1989. Nessa porta, que achei na rua há 35 anos atrás, trabalhei com tintas acrílicas e sobre a pintura coloquei uma camada de parafina além de calafetar todas as partes que estavam estragadas. Desde 1990 ela faz parte de uma coleção particular de São Paulo.(CLIQUE PARA ABRIR)
"UTÓPICAS"
Disse recentemente numa conversa que o meu ateliê é um laboratório. A ideia de que as imagens nascem de experimentos carrega outra ideia: de que elas acontecem, catalizam-se, se revelam. Não por acaso preciso usar o jargão da química para tentar transmitir o processo criativo. Utilizar o mínimo de recursos (nesse caso tintas a óleo e carvão vegetal) potencializa ainda mais o embate diante da surpresa. Atrever-se a se jogar nesse vazio, onde nenhuma referência de realidade existe para se apoiar, é a minha grande aventura.(CLIQUE PARA ABRIR)
"PARA ALÉM DO MOVIMENTO"
De ANA AVELAR: "Embora as atuais pinturas de Prades possam evocar visualmente as de Stella, devido ao grafismo e à planaridade, da mesma maneira que as de Stella, nos anos 1960, eram associadas àquelas de Vasarely, as questões que as movem são absolutamente distintas. Ao contrário da literalidade dos padrões de Stella e do fascínio de Vasarely pelas possibilidades da percepção visual do movimento, Prades está interessado no transe estabelecido pela repetição relativa, à maneira de um mantra. É uma experiência que busca, por meio da continuidade e de um trabalho atento, demorado e paciente, proporcionar uma entrada para a contemplação e que o faz adotando uma forma curvilínea e sensual.
Aliás, esse grafismo, que é e não é grade, aliado às irregularidades da mão e a uma palheta silenciosa, faz vir à mente, em termos conceituais, a produção de Agnes Martin, pintora canadense radicada nos EUA. Embora as telas de Martin sejam elaboradas com tons lavados, com a presença da grade ou de listras – elas também borram os limites entre desenho e pintura –, o efeito sensível desses trabalhos se assemelha àquele das pinturas atuais de Prades realizadas, aliás, sem projeto, iniciadas pelo risco de carvão diretamente sobre a tela (um risco que “se faz fazendo”, diz Prades)."(CLIQUE PARA ABRIR)
"SOPRO"
SOPRO - OBRAS DE JAIME PRADES

“... a respiração contínua do mundo
é aquilo que ouvimos
e chamamos de silêncio”
Clarice Linspector

A expressão plástica de Jaime Prades está em permanente transformação com desdobramentos poéticos recorrentes. Não obstante, grande parte dessa dinâmica se dá revisitando sua própria obra e refletindo sobre ela, sobre o já construído, para refazê-la, trespassa-la através de transgressões continuadas. Preocupação incessante do artista de mover-se, de ir além, de partir para novos caminhos.
A Galeria andrea rehder arte contemporânea apresenta um conjunto de obras recentes do artista, realizado entre os anos 2018 e 2021. A exposição revela o frescor de sua linguagem atual e a adoção de um novo percurso gráfico que dialoga com o pictórico. Nos trabalhos desta mostra, Jaime Prades estabeleceu dois atores visuais que interagem entre si, guardando suas identidades – a grafia de expressão forte e de permanente agitação (atividade); e o pictórico, de repouso e harmonia (passividade).
A exposição Sopro traz uma poética inquietante, e para realiza-la o artista transformou radicalmente sua paleta de cores, estabeleceu uma nova plástica. O espaço que era fragmentado e tensionado, agora se apresenta contínuo, com tonalidades difusas. Nos amplos espaços sinfônicos de luz e de cor surgem zonas ondulantes de linhas que se agitam no vasto espaço de tonalidades reverberadas, sugerem conceito do taoísmo, do Yin e Yang que representam a dualidade de tudo que existe no universo.
Jaime Prades desenvolveu uma técnica harmônica e integrada entre o lápis e a tinta a óleo. Enquanto a gráfica impõe intenso movimento, a expressão pictórica, por sua vez, sugere imobilidade, talvez um lento mover-se, como algo que se move na imensidão contínua do universo. Essa fusão entre contrários gera uma poética cheia de energia, de mistério e de magia. A dinâmica conturbada dos elementos gráficos coabita com o lirismo das paisagens nebulosas.
Ao construir a difícil e bela relação entre a expressão gráfica e pictórica, o artista cria metáforas de tempo, entre o efêmero e o permanente nos contrapontos de repouso e de movimento.
A exposição traz, também, um conjunto de trabalhos intitulados “Mandorlas”, com forte protagonismo gráfico, formado por linhas ondulantes concêntricas que formam um todo, espécie de território, na parte central do suporte. Certamente, esses trabalhos aludem às mandalas, que em sânscrito significa círculos, e eram usadas em rituais de meditação – espécie de imagem e referência do mundo.
Há ainda duas assemblages, construídas em alumínio, aço, ferro e madeira. Nelas, o artista expressa de modo tridimensional poéticas semelhantes às obras bidimensionais. É importante ressaltar que Jaime Prades se dedica de modo continuado e com amplo domínio à expressão tridimensional.
Ao ver as obras desta exposição, noto que algo me faz lembrar a atmosfera de Gustav Klimt, mas devo estar sonhando.

Fabio Magalhães
curador

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"CARVÃO ÓLEO FERRO"
Esta exposição reúne as três técnicas e linguagens que pesquiso a minha vida toda: o desenho, a pintura e a escultura. Poderia dizer: a linha, a luz e o espaço, traçando essa equivalência já que as expressões humanas atuam em diferentes camadas da consciência e das suas manifestações materiais.
A arte trabalha os processos criativos das linguagens e as formas de como elas se corporificam. Esse trânsito entre consciência e matéria implica em um processo químico e alquímico onde as muitas inteligências que nos compõem como indivíduos nesse fenômeno da vida, cooperativamente atuam, através dos seus talentos, para se materializarem.
Assim como aprendemos através do resgate das sabedorias tradicionais que existe uma inteligência do coração, eu me atrevo a afirmar que todos os sentidos são manifestações de inteligências. Existe inteligência das mãos, do olhar, do ouvir... Indo mais além existe inteligência da pele, do corpo em movimento, de cada órgão em sua atividade. A ideia de que o cérebro seja o centro de controle talvez seja reducionista e pouco poética.
As nossas habilidades, as muitas maneiras de sentir, as intuições, escapam ao controle de uma visão que talvez reproduza a hierarquia que, traçando um paralelo, existe nas estruturas de poder do monoteísmo, das monarquias e de todas as organizações que se estruturam a partir de uma ordem piramidal.
Não cabe a mim o papel do cientista. Como artista, aprendo com o fazer, com a experiência. A linguagem em eterna mutação é a manifestação evolutiva da consciência. Se por volta de 30 mil anos atrás, encontramos registros das inscrições rupestres – hoje sabemos que aconteceram concomitantemente em lugares diferentes do planeta – podemos dizer de que houve um nascimento da linguagem que manifestou um salto de consciência e vice versa. No filme “A caverna dos sonhos esquecidos” de Werner Herzog, esse mistério é vasculhado enquanto os olhos mecânicos das lentes da câmera penetram cada vez mais fundo na caverna de Chauvet no sul da França.
Observar os processos artísticos contemporâneos nos ajuda a perceber a fermentação de processos evolutivos que estão acontecendo neste mundo em saturação. Nos ajuda a nos preparar e a exercitar as nossas capacidades das nossas plasticidades nos corpos físicos, mentais, emocionais e espirituais que nos definem como seres humanos.
Para mim é evidente que estamos diante de uma pressão evolutiva irrevogável. Diante da falência ambiental a nível planetário, a necessidade de descontruirmos estruturas preconceituosas de raça, gênero, classe, implica praticamente em rever todas as nossas estruturas civilizatórias.
Trata-se de reinventar o mundo!
O desenho, a pintura e a escultura são territórios experimentais onde o exercício da transformação se manifesta. Onde o equilíbrio acontece porque o ponto de gravidade muda a todo instante. Esse movimento permanente balança a música das esferas. O equilíbrio é impermanência. Exercitar a criatividade não é apenas um analgésico. O artista se atreve a mergulhar no seu abismo interior e a trazer para o mundo, transformado em obra, aquilo que fala nele.
Como disse Anselm Kiefer: arte não é entretenimento.
Assim como sou o curador da minha própria exposição, legitimado por mais de 45 anos de experiência e vivo que estou, também me permito trazer à tona este texto que foge das estruturas convencionais de apresentação de exposições.
O que aqui escrevo é parte das muitas reflexões que tenho neste momento da minha vida. Questões que perpassam o meu cotidiano onde diariamente me dedico ao fazer da arte. Dedico-me a pensar e produzir linguagem no ateliê-caverna onde, graças à solidão, consigo me sentir em comunhão comigo mesmo, com a sociedade e com a natureza.
Há, na minha opção pela arte, uma atitude anti sistémica. No sentido de priorizar práticas artesanais que dependem da inteligência das mãos, das habilidades do corpo. A obra é como um prolongamento do meu corpo e espírito, quase um órgão externo. Priorizo a simplicidade e me coloco diante do desafio de fazer o máximo com o mínimo de recursos.
CARVÃO ÓLEO FERRO acontece nesse contexto.
Espero que seja proveitoso.

Muito Obrigado!

Jaime Prades
24 de março de 2023


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"BROTO"
A escultura Broto está instalada no Parque linear Bruno Covas na Marginal Pinheiros, na altura da ponte Eusébio Matoso na cidade de São Paulo. Entre a ciclovia e a linha do trem numa faixa de jardim entre a cidade e o rio.
O projeto que desenhei em 2014 concretizou-se em dezembro de 2022.(CLIQUE PARA ABRIR)
"À DERIVA"
A instalação "à Deriva", revisitada e adaptada, foi inaugurada no dia 3 de março de 2020 no deck externo do SESC Pompéia na cidade de São Paulo. Foi interrompida 15 dias após a inauguração devido ao fechamento das unidades do SESC/SP por causa da pandemia.
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"NATUREZA HUMANA"
FÁBIO MAGALHÃES: Mas eu acho que a tua arte é maior, ou seja, apesar de conter esses conceitos, essas inquietações, remete para muito alem das questões de ordem ecológica. Trata, a meu ver, de questões mais profundas. Discute essa questão da vida e da morte num sentido muito abrangente. E cria um vínculo muito grande entre cultura e natureza, entre a vida humana e a sua relação com o ambiente natural. Tem muita gente lutando pela questão ecológica, e você se inclui nesse grupo, mas, ao mesmo tempo, você produz uma obra que extravasa esse discurso. Sua poética atinge outros níveis e esferas do ser humano, provocando perplexidade ao mostrar força destrutiva, a perversidade da nossa sociedade. É isso que me inquieta nesse teu trabalho.


JP: É verdade, o que está realmente me mobilizando não é um discurso apenas ecológico. A questão para mim é que estamos num momento em que precisamos criar signos que permitam, de alguma forma, interromper essa hipnose coletiva. É preciso que a gente desperte e estremeça.


FM: Quem vem tratando disso de modo intenso e contundente, como obra de arte, é o Frans Krajcberg. E ele opera com elementos estéticos oriundos da modernidade. Mas esse teu trabalho, ele tem um impacto maior, é mais agressivo. Krajcberg volta-se para a natureza, ela mesma, dramatiza essa questão, e você volta para a natureza do ponto de vista do ser humano. A sua árvore discute a nossa cultura, a nossa escatologia, a nossa vida e a nossa morte. E é por isso que essa obra me causou tanto impacto.(CLIQUE PARA ABRIR)
"AVE PINDORAMA"
Parede lateral esquerda, edifício DOGAL, avenida Duque de Caxias 609, cidade de São Paulo, São Paulo, Brasil, América Latina, planeta Terra!
Ela, a AVE PINDORAMA possou lá! Deve ficar por uns bons anos durante os quais sofrerá o desgaste das intempéries. Tempo suficiente para tornar-se parte da memória e do repertório visual de toda uma geração da cidade. (CLIQUE PARA ABRIR)
"CÉU E TERRA"
A pintura pulsante de Prades nos seduz fazendo nossos olhos vagarem suavemente pelas suas formas, e, como com o canto das sereias – e seus cabelos serpenteados –, devemos nos permitir sermos seduzidos porque não tememos o fundo do mar ao qual certamente seremos levados. Nas palavras de Klee, “Deixe-se tragar por este mar revigorante, por um largo rio ou por encantadores riachos, tais como o da arte gráfica aforística, pluri-ramificada”.

Ana Avelar curadora
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