JAIME PRADES |
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JAIME PRADES 2014 A
Reflexão sobre as "Máquinas".
Depoimento do artista. VORAZ CIDADE / Máquinas de 1987 a 2014 As máquinas aconteceram a minha revelia. Surgiram de uma espécie de reação química catalizadora sob a Avenida Paulista dentro dos túneis de ligação com a Avenida Dr. Arnaldo no ano de 1987. Aconteceram! Atribuo a esse fenômeno um acúmulo de energia surpreendente e a uma overdose de adrenalina pela exposição naquele lugar, naquela hora e naquele momento de salto quântico, de fundação de novos padrões, anos 80! A arte urbana que fazíamos estava embebida de irreverência antropofágica, da síntese brutal do neoconcretismo, da gráfica russa revisitada, da contemporaneidade precoce de Flavio de Carvalho e de uma cidade que sinalizava adquirir uma escala desumana se a ganância e a especulação a dominassem, como infelizmente aconteceu. A cidade me impregnou de texturas áridas, de cores surradas, do caos da sua fragmentação, da sensação de um corpo desdobrável descontrolado, holográfico, devorador. As máquinas expressam essa voracidade. De 98 a 2000 ao retomá-las após muitos anos elas foram retificando-se, auto organizando-se para a minha surpresa. Realizei uma grande série que batizei de “Geométricos” que por caminhos totalmente ocasionais aproximou-me do construtivismo Sul-americano, fazendo-me pertencer à fraternidade do gigante uruguaio Joaquim Torres Garcia. Após uma segunda longa hibernação elas ressurgem em 2011 em alguns desenhos e pequenos graffitis. Agora mais suaves como que educadas por uma plasticidade de outro mundo. Penso que elas são uma remontagem das sobras desta cultura urbana artificial, setorizada, dividida, fragmentada. Elas foram escultoricamente transformadas em uma nova natureza, recicladas, reaproveitadas, resignificadas e finalmente alcançam sua organicidade. Jaime Prades, 14 de julho de 2014 |
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